Como seria uma vida sem espelhos? Sem registros de nossa própria aparência? Sem imagens, desenhos ou fotografi as de nós mesmos? Sem que soubéssemos o contorno do nosso perfil, a proporção da boca diante das sobrancelhas e nariz? O comprimento das orelhas, a coloração dos olhos? Veríamos todo o mundo, mas não nos veríamos.
O que seríamos, sem nos vermos?
Ou, pelo contrário: como seria uma vida cheia de espelhos? Se só pudéssemos ver nossa face em todas as outras faces? Muitos e muitos registros de nós, da nossa expressão? Tudo que olhássemos seria mudado por nosso modo de ver a vida, pelo jeito de falarmos, pelo jeito de ouvirmos? Não veríamos o mundo, apenas a nós mesmos.
O que seríamos, só nos enxergando e mais nada?
As hipóteses acima não são apenas suposições delirantes e distantes, como parecem. Elas representam realidades concretas do nosso universo. Relembre, você já pode ter agido assim (eu admito que já o fiz, e faço). No primeiro caso, como e quando isso se daria? Nas vezes em que mal nos enxergamos, ou pouco nos conhecemos para delimitar com certeza nossos reais dons e vontades. Fases sem nitidez, clareza, quando as obrigações cotidianas parecem tomar conta de tudo... Na outra banda, há momentos em que só enxergamos o mundo – e nossas relações nele – conforme o que queremos, e distorcemos tudo a nosso bel-prazer. A realidade que se adapte!
Situações opostas, verdade, e nem sempre freqüentes, mas que mostram uma ínfima parte do imenso universo que forma a personalidade de cada um. Nela, essência, heranças, aspirações, desejos e sonhos se misturam a relações, máscaras, responsabilidades, dores, alegrias... No meio dessa salada completa do tamanho do (seu) mundo, está a resposta para a pergunta da reportagem que você irá ler nas próximas páginas. Uma pergunta que também ultrapassa toda e qualquer letra impressa.
Quem somos nós, afinal?
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